quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Um romance meio doido

Além disso, você pode me contar das flores e do lugar onde você está desde a semana passada, e talvez, quem sabe, você poderia me dizer como estão seus planos para o natal, nós poderíamos passar juntos. Você poderia me contar dos seus pais, e da sua irmã, eles ficaram aqui né? Eu até pensei em ir visitá-los um dia desses, mas lembrei que sua irmã está doente e eu não queria incomodá-los. E foi em um dia desses que senti tua falta, e tentei te ligar... Mas só consegui falar com você hoje. Se você tivesse calma e paciência e soubesse me ouvir, soubesse compreender minha necessidade de ouvir tua voz, seja pra falar qualquer besteira, qualquer coisa que eu nem estaria interessado em saber, só por ouvir tua voz. Você talvez teria atendido o telefone antes. Olha, você poderia me contar do seu cabelo, ou da cor do seu esmalte, ou o quem você encontrou no cabeleireiro, eu não ligaria. Mas você não sabe o quanto preciso ouvir tua voz. Você até poderia dizer que eu ando meio chato, melancólico, um adolescente daqueles apaixonados, é mentira, mas eu aceitaria. Você até podia dizer que eu estou exagerando, queria ouvir isso de você. Pelo menos! Tá, parei. Mas acredite, as experiências que passei me fizeram ser o que eu sou hoje, o que ficou pra trás já era pra ter ido há muito tempo, mas você ficou... Você ta aqui. E sem mais nem menos me impõe essa necessidade de você. Me faz perceber que o passado voltou a ser presente. E voltando ao assunto... Você bem que podia me contar dos pássaros que você ta estudando, seria ótimo aprender um pouco com você. Você não vai falar nada?
- Desculpa... Disse ela com um tom de voz baixo, quase não consegui ouvir
- Oi? O que disse?
- Desculpa. É que eu tava aqui pensando... Como todo esse tempo junto de ti não tinha percebido antes o quão especial você é pra mim, a ponto de me ligar todos os dias enquanto estive fora, só pra saber se eu estava bem, só pra ouvir minha voz... Eu não me importava com você, pensava que você era só mais um daqueles... Sabe? Me perdoa, por não ter atendido os seus telefonemas. Eu não te dei o valor que você merecia, mesmo assim você ainda gosta de mim. Eu não falava com você quando te encontrava na rua, mesmo assim você falava comigo, você fala comigo... Você me dá atenção, mesmo que eu não te dê atenção. Você fica horas esperando minha resposta pra suas perguntas, que eu nem respondo na maioria das vezes..
- (risos) é verdade, mas nem ligo.. Sabia que esse dia ia chegar, você ia perceber que tudo o que eu falava era a mais pura verdade, eu nunca menti pra você.
- Eu sei, por isso que eu gosto de você... Obrigado por esperar essa idiota aqui perceber quem você é, obrigado pela paciência, pelo amor, por tudo. Você não vai se arrepender de ter esperado.
- Eu sempre soube que te teria um dia... Agora dá pra abrir a porta? A viagem foi longa, eu não conheço nada aqui e além de tudo ta chovendo...

Ela veio abrir a porta e passamos ainda duas semanas por lá. Certo, eu sei que vocês não me conhecem, nem conhecem a Maria, nem sabem da minha vida metade. Mas na verdade, esse foi só o inicio dela.
Espera, o nome dela não é Maria... Só pra constar. Ok? Não pretendo dizer o nome dela, o porquê vocês vão saber no final. Não esperem muita coisa desse romance, as coisas nunca são como você espera que elas sejam e com a minha história não foi diferente.  
Não vou começar com esse papo clichê de “Era uma vez” , (até porque isso, infelizmente não é uma fábula), nem me apresentar de forma culta, dizendo meu nome, minha idade, minha altura, o que eu gosto, o que não gosto, bla bla blá. O texto ficaria cansativo e eu acho que vocês não querem me conhecer, querem ouvir a minha historia, além do mais, eu já comecei o texto faz tempo. Como eu contei no começo, minha vida com a Maria depois que eu a conheci foi muito estranha, acho que pelo tipo de pessoa que ela é. Que vou dizer pra você, é difícil de entender. Ela é daquele tipo de pessoa que conquista qualquer um pelo olhar, pelo sorriso, pela beleza, e eu como um ariano astuto resolvi me apaixonar por ela, (ainda me culpo por isso) mas não pude fazer nada para evitar. O pior de tudo é que eu me apaixonei de verdade, mas acho que ela não levou muito a sério o que eu dizia e achava que tudo era brincadeira, tudo era falsidade minha e ela respondia a todas as minhas tentativas de me aproximar, dizendo que me amava também, que queria está comigo em todos os momentos, em todos os lugares, em todas as situações, mas Maria era uma mulher que juro a você, não vi em lugar algum alguém igual. Depois da situação que eu contei lá em cima, nós ficamos duas semanas lá em Moscou onde Maria estava fazendo um curso na área dela, ela já tinha passado alguns meses por lá, e eu não me agüentava de saudade, como um idiota apaixonado, ela fazendo de tudo para me esquecer, nem minhas ligações atendia, e eu pesando que ela estivesse muito ocupada estudando, ora! Quando eu cheguei lá, acho que vocês pensaram: Own, que bonitinho!! Ele foi atrás dela. Fui, mas não era exatamente o que devia ser feito, tomar decisões precipitadas me afeta e muito, quando percebo que elas foram precipitadas. É o que mais atormenta. E o que atormenta ainda mais, é saber que Maria, ah!! Maria!!! ... Não quis abrir a porta pra mim, naquele dia, isso mesmo. Ela disse que, disse que não me amava. Hoje em dia as pessoas têm a mania de dizer que ama sem amar, que gosta sem gostar, que quer sem querer. Sem querer, elas fazem isso, mas é sem querer que magoam sem saber, quem gosta delas de verdade. Ela não abriu a porta, tava chovendo, eu não conhecia nada por lá, mas tive que ficar... Paguei por isso, em todos os sentidos. Acreditei, achei que era possível. Procurei um amigo, não achei nenhum. Foi realmente muito chato o que aconteceu. E Maria do nada, assim, de repente, disse que não me queria mais, que eu não a procurasse mais, nenhum dia. Fiquei muito angustiado, não sei se tive culpa de alguma coisa, ou se foi só o coração de pedra dela... E eu fiquei com a segunda opção, não guardei culpa, nem remorso, nem nada. Apenas a lembrança de que um dia, eu amei alguém que não merecia meu amor. Fiquei duas semanas em Moscou, só consegui apartamento vago no mesmo prédio dela, no apartamento em frente ao dela, nos víamos todos os dias. Eternos desconhecidos.
Eu falei para não esperar muito desse romance, ele não é e nem foi como os outros que vocês estão acostumados a ver por ai, mas teve um final feliz... Encontrei uma pessoa especial por lá, será? Lá vou eu tentar outra vez. É a vida!


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